Uma Voz Feminina Cala pela Inquisição - Rute Salviano

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Sobre o Livro

“Uma voz feminina calada pela Inquisição” apresenta o contexto do final da Idade Média: a política com a influência dos papas, a religiosidade e a Inquisição, o papel feminino e o movimento das beguinas, mulheres que se uniram no mesmo ideal humanitário de ajuda ao próximo. Entre elas, estava Margarida Porete, autora da obra “O espelho das almas simples e aniquiladas”, que ousou escrever e divulgar suas idéias na língua do povo, o que era inadequado, pois a língua sacra era o latim. Margarida pagou com a vida sua ousadia. Foi queimada na fogueira pela Inquisição, deixando exemplo de coragem e firmeza em suas convicções.
A leitura irá proporcionar uma reflexão sobre a heresia, sobre o perigo de se tirar o mérito da salvação de Jesus Cristo e colocar em homens ou obras e o prejuízo causado aos cristãos de todas as épocas pela falta de amor e excesso de poder dos líderes religiosos.

Cartaz do lançamentoCartaz-Hagnos

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Fotos do Lançamento: Faculdade Teológica Batista de Campinas: 08/03/2012

1. Homenagem da FTBC entregue pelas queridas colegas Nelma Lobo e Roseli EitutisDSC_0069rute
2. Com minha querida filhotinha na fé Mayara ToledoDSC_0080
1. Apresentando o livroP1140969P1140970
2. Participal especial de Walter Batista, obrigada pelo lindo soloP1140966
Pr. EliasRute
3. Na fila dos autógrafos: Isabel Carvalho Dimarzio,Wilson Souza, Antilha Tamburus e RisoleideP1140980
4. A fila anda… Agora aparecendo Itaci de Jesus Piton, querida amiga e bibliotecária competenteP1140982
5. Pastor Rubem Lota e Antonio Carlos MarascalchiP1140988
6. Queridos amigos e irmãos em Cristo: Eduardo e Valdete RodriguesP1140999
7. Ladeada por minha mãe Maria José Salviano, a quem dediquei o livro e pelo meu editor Juan Carlos MartinezP1150001
8. Com os queridos amigos e irmãos em Cristo: João Carlos e Nice ZapariniP1150002
9. Com a querida irmã Liese DSC_013110. Com minha mãe e minha irmã Raquel Pereira Salviano Roverso, sempre presentesDSC_0189

Resenha do Jornal Nosso Tempo

artigo Jornal Nosso Tempo

 

Artigo do Jornal Correio Popular

 artigo Correio Popular

 

Epígrafe

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Mulheres que falam.
A transgressão que representa este ato não reside propriamente no falar.
As vozes que sonham no interior dos espaços privados, femininos, não são transgressoras em si mesmas.
A transgressão está em serem ouvidas.
É o falar em público o que irrompe como perversão no cenário da Baixa Idade Média.
A quem falam?
Falam nos conventos e nas beguinárias, nas praças e nas pontes, discutem e falam entre si.
Porém, o forte impulso transgressor das vozes femininas no século XIII se encontra em que falam para todos e em voz alta.
Certamente que a prática da mediação feminina, ou seja, a existência de um ensino feminino em círculos de mulheres é um fato importante, novo não tanto por sua existência como por transcender os limites do convento e propor-se tacitamente como paralelo ou substituto da mediação masculina.

Porém, em geral, a força de sua palavra está em que esse magistério se propõe globalmente, em que essa palavra de mulher se faz portadora de uma autoridade pública, de um carisma!

Blanca Gari e Alicia Padrón Wolff
Estúdio introdutório a Margarita Porete, El espejo de las almas simples. Barcelona: Içaria, 1995.

Prefácio

As coisas podem ser definidas e descritas, porém a vida humana não. Para a vida, não basta a definição e nem a descrição, mas é necessária a narração. Então, por exemplo, se me é pedido para definir uma mesa, posso dizer que  “uma mesa é uma superfície horizontal que descansa sobre um número de pernas verticais , normalmente quatro, mas algumas vezes mais e outras  vezes menos”. Se me for pedido para descrever una mesa específica, posso dizer que  “é de mogno, com quatro pernas, dois metros de comprimento por um de largura ”. Contudo, tais definições e descrições parecem insuficientes quando se trata da vida humana.

Assim ocorre porque a vida é, na própria essência, uma realidade em processo. Por algum motivo os antigos se referiam à água corrente como “água viva”. A água viva pode descer deslizando por um riacho, pode descansar por um momento no remanso da curva,  ou pode precipitar-se estrondosamente nas cataratas do Iguaçu; porém, se parar de correr, ela estagna, se detém, já não é água viva. A água viva escorre por entre nossos dedos; não a podemos prender sem antes transformá-la em outra coisa: água estagnada, água morta.

O mesmo ocorre com a vida. A vida corre. A vida escorre. A vida precipita-se estrondosamente. Porém, não a detemos. Se nós a detivermos, já não é mais vida.

Daí o valor e a necessidade da história: em primeiro lugar, a vida humana é história; e, segundo, a história vive no presente da humanidade.

Vamos ao primeiro: a vida humana é história. Se quiser falar de alguém, no próprio ato de falar eu já estou contando uma história. Se eu digo, por exemplo, que  “João é filho de Maria”, neste próprio dizer eu estou contando algo acerca de João, de Maria e da relação entre os dois. Porém, se na realidade eu quiser dizer mais acerca de João, o que faço é contar algo mais de sua vida, de suas relações, de seus atos, de suas decisões, de seus êxitos, de seus fracassos, de seus sonhos…. O único modo de eu poder fazer com que alguém saiba mais a respeito de João é contar mais de sua história – de sua história antiga, isto é, seus feitos, e de sua possível história futura, suas metas e seus sonhos.

Entretanto, o segundo é igualmente importante: a história vive no presente da humanidade. Faz cinco séculos que Colombo chegou ao nosso hemisfério, e vinte e tantos que Alexandre se lançou às suas conquistas. Porém, de algum modo as conquistas de Alexandre e o suposto descobrimento de Colombo ainda vivem em cada um de nós. Cada uma de nossas vidas  seria diferente se não fosse por Alexandre,  por Colombo, pelos atos e as crueldades dos conquistadores, pelos escravos trazidos da África, pelos índios dizimados, pelas milhares de pessoas desconhecidas que nos precederam e deram forma a este mundo, pelos que lavraram a terra, pelos que projetaram edifícios e compuseram música; em fim,  por todos quantos nos precederam na história.

É isto precisamente o que confere interesse à história. A história não nos interessa simplesmente pela curiosidade pela antiguidade. A história nos interessa porque, mesmo quando nos esquecemos, ela continua vivendo em nós. Do mesmo modo, é impossível falar da vida de uma pessoa sem dizer algo de sua história, bem como não é possível entender a própria vida sem entender algo de nossa história. E, quanto mais sabemos de nossa história, melhor compreendemos a própria vida. Se souber algo mais das conquistas de Alexandre e suas consequências sociais, políticas e culturais, eu saberei algo mais de o por que  eu sou quem sou.

Contudo, não se trata somente da história dos grandes heróis, das vastas conquistas, dos descobrimentos com enormes consequências, mas se trata também —e até mais— da história dos que, pelo visto, passaram pelo mundo sem deixar uma marca profunda , dos esquecidos, dos marginalizados. Se tratasse apenas das conquistas ao estilo de Alexandre ou Napoleão, pouco a história diria a nós que não somos conquistadores. Se tratasse apenas de grandes aventuras como as de Colombo, pouco diria a nós que não somos aventureiros. Se tratasse apenas das pirâmides do Egito e das catedrais góticas, pouco diria a nós que, com simplicidade, sonhamos em nossas casinhas.

Trata-se também e principalmente da história dos milhares e milhões de pessoas em cuja honra os poetas não compuseram  poemas, mas apesar disso, deram forma ao mundo em que vivemos. Trata-se da história de pessoas marginalizadas e esquecidas, de pessoas cujas contribuições à vida foram esquecidas e desprezadas.

O conhecer isto talvez seja a maior mudança que tenha ocorrido nos estudos históricos até o fim do século XX e meados do XXI. Agora nãos nos interessam apenas as pirâmides do Egito, mas também os escravos que as edificaram; não somente o Canal do Panamá, mas também os que morreram em sua construção. Interessam-nos porque a maioria de nós é como eles. Porque não lemos a história somente a partir do alto das pirâmides, mas também das profundidades do Canal.

Um elemento importantíssimo neste novo modo de ver a história é a renovada perspectiva feminina. Se alguém foi esquecido ao longo da história, este alguém são as mulheres. Nós conhecemos sim algumas como Sara e Rebeca, Cleópatra e a mãe dos Gracos. Contudo, eu repito, a importância de tais mulheres parece se resumir em seus filhos, em seus maridos e em seus amantes. Poucas, como Isabel a Católica e Santa Teresa, brilham pelas luzes próprias; entretanto, são as que menos brilham.

A respectiva feminina renovada nos ajuda a fazer uma releitura da história — no caso do nosso interesse particular, a história do cristianismo — em duas direções diversas, porém complementares. Por um lado nos recorda que os que vivem em nós e se manifestam em nossa fé não são somente nossos pais e avós, mas também nossas mães, nossas avós e nossas bisavós. Ainda que eu não saiba como, estou seguro de que um pouco do que cada uma de minhas bisavós disse, fez e creu ainda vive em mim e em minha fé. É claro que todos sabem que a fé de Israel foi transmitida principalmente por meio das mães e das avós—e isto a tal ponto que, com razão, até o dia de hoje são as mães que transmitem não somente a fé, mas também a linhagem de Israel.

Por outro lado, essa perspectiva feminina nos indica e nos faz recordar de que houve, ao longo da história do cristianismo, não somente homens, mas também mulheres excepcionais. Se não ouvimos falar delas com mais frequência, ou se elas se tornam ocultas na penumbra das memórias, isso se deve ao fato de que aqueles que avaliaram o evento, bem como os que contaram a história, geralmente o fizeram a partir da perspectiva de um preconceito masculino, segundo o qual o que as mulheres faziam, criam e ensinavam era de menor importância.

Disto eu posso dar testemunho em minha evolução como historiador. A título de exemplo, eu me recordo que quando estudei a história da igreja pela primeira vez—e quando escrevi pela primeira vez acerca dela, os “Grandes Capadócios” eram três: Basílio de Cesareia, seu irmãos Gregório Nisseno e o amigo deles, Gregório Nazianzeno. Contudo, mais tarde, ao ler novamente a história, percebi que Macrina, a irmã de Basílio e Gregório, foi fator determinante— e mestra— na vida daqueles famosos  bispos e teólogos. Por isso, quando voltei a escrever sobre o tema, os “Grandes Capadócios” se tornaram quatro — e desde então muitos historiadores se referem não mais aos “três”, mas aos “quatro” capadócios.

É dentro deste contexto que este trabalho de Rute Salviano Almeida vem dar sua importante contribuição. É primeiramente uma chamada de atenção para uma destas mulheres esquecidas na historia do cristianismo. Neste estudo, a autora nos convence de que Margarida Porète merece nossa atenção, não apenas como figura esquecida, mas também como exemplo da  importante contribuição das mulheres para a fé da igreja,  e do modo que sua experiência feminina se relaciona com seu entendimento e prática da fé.

Porém, isto não pode ser feito fora do contexto, e por isso a autora nos conduz pelo seu estudo do lugar das mulheres na cristandade do fim da Idade Média. Depois de pintar a grandes pinceladas o que era o cristianismo naqueles tempos — sua profunda piedade, sua credulidade, suas superstições, sua intolerância— ela passa a considerar o papel das mulheres naqueles séculos, especialmente em suas funções como esposas, e depois a espiritualidade daquelas nossas antepassadas na fé, e em particular suas vidas e ensinos místicos. Desta vida e ensinamentos testemunham varias mulheres que a autora discute, algumas delas esquecidas, umas poucas famosas, outras — como as beguinas —  quase sempre estudadas; porém todas marginalizadas. E varias delas, como indica claramente a autora, silenciadas, perseguidas, e até mortas pela Inquisição.

Entre estas mulheres se encontra a beguina Margarida Porète, mulher de origem nobre e elevada educação, autora de Espejo de las almas sencillas[O espelho das almas simples], que posteriormente foi morta por uma Inquisição que não podia tolerar seus ensinos místicos, nem o modo que os expressava e nem o fato de que uma simples mulher se atrevesse a ensinar sobre tais temas. Nesta seção, que constitui o coração do livro, prova-se amplamente que Margarida Porète é digna de uma atenção que nós historiadores não lhe prestamos.

Contudo, a autora não se detém nisso. Sabe que, embora seja verdade que a história vive em nós, também é verdade que ela há de ser não somente sobre a vida, mas também  para a vida. Por isso se atreve, em valente rebeldia contra os cânones da objetividade que guiaram os historiadores do século passado, a relacionar seu estudo sobre aquela época em que a credulidade teve consequências funestas, tais como a condenação de Margarida Porète, com a nossa época, em que a incredulidade leva, com frequência, à consequências semelhantes. Assim, a pergunta que se propõe no último capítulo é precisamente a que nós historiadores deveríamos nos fazer com mais frequência: O que aquela história antiga nos ensina para a vida presente?

Eu o deixo com esta pergunta, estimado leitor ou leitora, com um convite a que leia este livro primeiro como uma lembrança de quem somos e de onde viemos, e depois como um chamado a propormos as perguntas difíceis de hoje com a mesma coragem que Margarida Porète se atreveu a propor e a responder às de sua época.

 

justo_gonzalezJusto L. González

Bacharel em Teologia,

Doutor em Filosofia pela Universidade de Yale, USA,

Historiador e Escritor.

Introdução

Essa Idade Média é resolutamente masculina. Pois todos os relatos que chegam até mim e me informam vêm dos homens, convencidos da superioridade do seu sexo. Só as vozes deles chegam até mim (…)[1]

Georges Duby

 

 

Duby intitulou a Idade Média de idade dos homens pelo fato de que nela as mulheres não tinham papel ativo. Ocorre que se conhecia pouco sobre o papel feminino devido à ausência da participação da mulher na vida pública, porém a história tem ampliado seus campos de estudo para incluir todos os grupos sociais e não apenas os dominantes. Novos documentos foram descobertos abrindo outra perspectiva para o que teria sido a vida das mulheres durante o período medieval.

A história medieval foi escrita em instituições religiosas, mosteiros ou catedrais; a princípio, anotando-se simplesmente os acontecimentos marcantes ao longo do ano e, às vezes, um monge ou cônego compunha a história. Somente “os servidores de Deus” sabiam ler e escrever e consideravam seu dever explicar a história, de maneira a nela detectar os sinais do Senhor, todo poderoso.[2]

Este livro enfoca o último período da Idade Média, os séculos XII, XIII e XIV e nele poderá ser observado o papel feminino e, principalmente, a atuação da mulher na literatura e na religião. A personagem que inspirou o mesmo foi Margarida Porète, a primeira mulher levada à fogueira pela inquisição francesa, acusada de ultrapassar as Escrituras e errar nos artigos da fé e dos sacramentos. Ela também pagou o preço por sua ousadia de escrever e pregar na língua do povo em uma época em que a língua religiosa permitida era somente o latim.

Margarida foi escritora e deixou um dos textos mais originais da literatura mística de todos os tempos: “O espelho das almas simples e aniquiladas”, que não agradou o grande inquisidor da França. Em 1309 uma comissão de vinte e um teólogos, depois de considerar o livro herético, ordenou que fosse destruído e que suas idéias não fossem mais divulgadas.

A autora não obedeceu à ordem e foi considerada uma herege relapsa,[3] sendo aprisionada por um ano e meio e depois queimada diante das maiores autoridades religiosas e civis. Seu livro, que pregava a necessidade da comunhão com Deus (que, para ela, não era apenas um mistério para se entender, mas uma pessoa amada com a qual cada cristão podia se identificar por meio de Sua compaixão), também foi queimado com ela.

No trecho abaixo ela declara seu amor por Deus e sua pequenez diante do autor do universo:

 

Eu disse que Eu o amo.

Eu minto, pois não sou eu.

Somente Ele me ama.

Ele é, e eu não sou nada,

E nada mais é necessário para mim

do que a Sua vontade,

e que ela prevaleça.

Ele é plenitude. Dele estou repleta.[4]

 

Margarida fez parte do movimento das beguinas, mulheres na Idade Média que buscaram um modo alternativo de viver, não aderindo a nenhuma congregação eclesiástica, mas praticando o cristianismo no amor e cuidado para com o próximo. Devido ao modo diferente de vida e por ousarem ensinar às pessoas simples, as beguinas foram acusadas de heréticas e perseguidas. O questionamento era: como leigas que em geral não liam as Escrituras e só tinham acesso a elas através da liturgia e da pregação, pretendiam ter uma compreensão mais profunda do que os clérigos? Isso era demais.

Margarida afirmava que a falta de erudição, de riquezas e de poder predispunha as mulheres a acolher Deus em um coração desembaraçado e aniquilado. Ela foi um modelo de coragem. As páginas de seu processo declaram que não retrucou, não se retratou de suas crenças, não se defendeu, caminhando serenamente para a morte.

O livro aborda também o contexto da época; o papel feminino: a mulher na sociedade e como esposa; as beguinas; o tribunal da inquisição com suas bulas condenatórias, sentenças e instrumentos de tortura e as opiniões de historiadores sobre os motivos que levaram à condenação de Margarida Porète.

Como conclusão levanta alguns questionamentos: O que é heresia? Quais ensinos a época estudada pode oferecer à época atual? O que seria mais adequado em termos de fé cristã: a credulidade medieval ou a desconstrução contemporânea? O misticismo medieval pode ser comparado ao atual? E outras questões inquietantes.

O objetivo deste livro é fornecer algumas informações sobre a época medieval que usualmente não são encontradas em livros de História do Cristianismo à disposição do estudante cristão brasileiro, fornecendo uma visão de detalhes que na história positivista ficaram à margem e trazendo também algo pouco comum: uma escrita feminina sobre mulheres na História.

Ele pode ser usado como livro texto ou para relatórios de leitura. Poderá ser um bom auxílio em debates acerca da história medieval. Poderá servir como instrumento de reflexão sobre a importância da fé em qualquer época e sobre o perigo de se ultrapassar o ensino bíblico.

Propositadamente foram inseridas várias notas de rodapé, não somente cumprindo normas estabelecidas, como também trazendo fontes possivelmente desconhecidas e que poderão ser utilizadas em pesquisas futuras.

Que os leitores aprendam um pouco mais da história cristã, que consigam discernir fé, confiança verdadeira em Deus, da simples credulidade. Que entendam que heresias existem e crescem, quando homens ou mulheres crêem que podem se tornar veículos da salvação. Que todos sejam edificados com o exemplo de pessoas que escreveram sobre Deus, buscaram comunhão com Ele e falaram dEle em uma época  onde o simples falar sobre Deus e religião na língua do povo era considerado um sacrilégio.

[1] DUBY, Georges. Idade Média, idade dos homens, do amor e outros ensaios. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 23.
[2] DUBY, Georges. Ano 1000 – ano 2000, na pista de nossos medos. Tradução de Eugênio Michel da Silva e Maria Regina L. B. Osório. São Paulo: UNESP, 1998, p. 16/17
[3] Herege relapso: aquele que reincide na heresia.
[4] PORÈTE, Marguerite. Le miroir des amês simples et aniquilates, cap. 122, apud DRONKE, Peter. Las escritoras de la Edad Media. Tradução de Jordi Ainaud. Barcelona: Crítica, 1995, p. 313.

 

 

Sumário

  • Introdução
    • Panorama da Época
    • Panorama religioso
      • A credulidade popular
      • O papel da Igreja
    • Panorama cultural
      • O amor cortês
    • Panorama político
      • Embate entre o papa Bonifácio VIII e o rei Filipe IV
  • O Papel Feminino no Final da Idade Média
    • A herança legada por Eva
    • Versão masculina sobre as mulheres
      • Étienne de Fougères
      • Tiago de Vitry
      • Humberto de Romans
    • A beleza e a moda da época
    • Reação da Igreja à moda feminina
    • A herança deixada por Sara, esposa de Tobias
  • A Mulher como Esposa no Final da Idade Média
    • Casamento segundo a Igreja
    • Casamento segundo a sociedade
    • As obrigações da esposa segundo um manual da época
  • A Espiritualidade Feminina no Final da Idade Média
    • Alguns representantes do misticismo medieval
      • Bernardo de Claraval
      • Mestre Eckart
      • João Tauler
    • O misticismo do século XIII e a participação feminina
    • Mulheres tomando a palavra
    • Principais místicas do período
      • Margarida Ebner
      • Matilde de Magdeburgo
      • Hildegarda de Bingen
      • Hadewijch de Brabante
      • Margery Kempe: dons de lágrimas, gritos e línguas
  •  As Beguinas: Mestras da Vida e Artesãs da Alma
    • Origem do nome
    • Início do movimento
    • Casa das beguinas
    • Estilo de vida beguino
    • Beguinas: pastoras do rebanho sem pastor
    • Expansão e destino das beguinas
  • Margarida Porète e o Espelho das Almas Simples e Aniquiladas
    • Margarida Porète
    • O Espelho das Almas Simples e Aniquiladas
      • Espelho: significado do termo para a época
      • Justificativa do tema: alma aniquilada
      • Sumário
      • Personagens
      • Introdução
      • Alegoria inicial
      • Desenvolvimento
      • Estágios da alma
      • O alvo da jornada espiritual: a aniquilação da alma
      • Erros na compreensão soteriológica de Margarida
  • A Inquisição e o Julgamento e Morte de Margarida Porète
    • Os inquisidores
    • Os hereges
      • Suas características
      • Principais grupos
      • Os templários: hereges à força
    • A tortura
    • Sentenças e condenações
      • Herege absolvido
      • Herege impenitente
      • Herege penitente
      • Herege relapso
    • A sentença de Margarida Porète
    • Por que Margarida Porète foi queimada?
  •  Conclusão
  •  Referências

 

Textos da Época

 

santosesquisitos01Da adoração do cão Guinefort
Cumpre-se falar das superstições ultrajantes, algumas das quais ultrajantes a Deus, outras ao próximo. São ultrajantes a Deus as superstições que atribuem honras divinas aos demônios ou a outra criatura qualquer: é isto que faz a idolatria, e é isto o que fazem as miseráveis mulheres que tiram a sorte, que buscam a salvação adorando sabugueiros ou lhes fazendo oferendas: desprezando as igrejas ou as relíquias dos santos, levam seus filhos a esses sabugueiros, ou a formigueiros ou a outros objetos a fim de curá-los.
Isso aconteceu recentemente na diocese de Lyon, onde, como eu pregasse contra os sortilégios e ouvisse as confissões, numerosas mulheres confessaram ter levado seus filhos a São Guinefort. E, como eu acreditasse tratar-se de algum santo, procurei saber e descobri que se tratava de um cão galgo que fora morto da seguinte maneira.
Na diocese de Lyon, perto da aldeia de monjas chamada Neuville, na terra do senhor de Villars, havia um castelo cujo dono tivera de sua esposa um filho.
Um dia, como o senhor e a dama tivessem saído, tendo feito o mesmo a ama de leite, deixando a criança sozinha, uma enorme serpente entrou na casa e dirigiu-se ao berço do menino. Vendo a serpente, o galgo que lá ficara perseguiu-a e atacou-a debaixo do berço, virando-o de cabeça para baixo, e cobriu de mordidas a serpente, que se defendia e mordia como ele. O cão acabou por matá-la, lançando-a para longe do berço.
O berço, o chão, assim como a garganta e a cabeça do animal ficaram encharcados com o sangue da serpente. Maltratado por ela, o cão deixou-se estar de pé ao lado do berço. Quando a ama de leite voltou, pensou que o cachorro tinha devorado a criança e soltou um grito de dor muito forte. Ouvindo-o, a mãe acudiu por sua vez, viu e pensou a mesma coisa, soltando um grito semelhante. Da mesma forma, o cavaleiro, chegando ao quarto, teve o mesmo pensamento, e, sacando da espada, matou o cachorro. Então, aproximando-se da criança, encontraram-na sã e salva, dormindo docemente.
Tentando compreender o que se passara, descobriram a serpente estraçalhada e morta pelas mordidas do cão. Reconhecendo então a verdade do fato, e deplorando ter matado de maneira tão injusta um animal tão útil, lançaram-no num poço situado diante da porta do castelo, jogaram sobre ele uma grande quantidade de pedras e plantaram ao lado árvores em memória desse acontecimento.
Mas o castelo foi destruído pela vontade divina e a terra, transformada em deserto, abandonado por seus habitantes. Entretanto os camponeses, ouvindo falar da nobre conduta do cão e do modo como fora morto, apesar de inocente e por causa de algo que só podia esperar o bem como recompensa, visitaram o lugar e honraram o cão como a um mártir, rogando-lhe por suas enfermidades e necessidades; e muitos deles foram aí vítimas foram das seduções e ilusões do diabo, que, por esse meio, conduzia os homens ao erro.
Mas, sobretudo as mulheres que tinham filhos fracos e doentes levavam-nos a esse lugar. Quando ali chegavam, ofereciam sal e outras coisas; penduravam nos arbustos dos arredores as fraldas das crianças; fincavam um prego nas árvores que haviam crescido nesse lugar; passavam a criança nua entre os troncos de duas árvores: a mãe, que ficava de um lado, segurava a criança e jogava-a nove vezes para a velha, que ficava do outro lado. Invocando os demônios, elas rogavam aos faunos que viviam na floresta de Rimite que recebessem aquela criança doente e enfraquecida que, diziam elas, a eles pertencia; e que o filho delas, que eles levaram consigo, voltasse gordo e forte, são e salvo. Feito isso, essas mães infanticidas tomavam seu filho e colocavam-no nu ao pé da árvore, sobre a palha de um berço, e com o fogo que tinham trazido acendiam de ambos os lados da cabeça velas de um polegar de comprimento, fixando-as no tronco. Depois se retiravam até que as velas se consumissem, de modo a não ouvir os vagidos da criança nem vê-la. E assim se consumiam as velas, queimando inteiramente e matando várias crianças, segundo nos informaram diversas pessoas.
Uma mulher contou-me que ela também fora invocar os faunos e, quando se retirava, viu um lobo sair da floresta e aproximar-se da criança. Se o amor materno não lhe forçasse a piedade e não a fizesse voltar para junto do filho, o lobo, ou, sob sua forma, o diabo, como ela dizia, teria devorado a criança.
Quando as mães voltavam para perto do filho e o encontravam vivo, levavam-no até as águas velozes de um rio próximo, chamado Chalaronne, onde o mergulhavam nove vezes: se ele não morresse imediatamente ou logo depois, era porque tinha as vísceras muito resistentes.
Dirigimo-nos a esse lugar, convocamos o povo da terra e pregamos contra tudo o que foi dito. Fizemos exumar o cachorro morto e cortar as árvores sagradas, e mandamos queimar estas juntamente com os ossos do cachorro. E fiz divulgar pelos senhores da terra um decreto prevendo a prisão e o confisco dos bens daqueles que a partir de então fosse a esse lugar por motivos semelhantes. (grifo nosso)
(Étienne de Bourbon (1180-1261), inquisidor dominicano)

 

A ROTINA DA ESPOSA DO MÉNAGIER

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  • Levanta-se mais cedo do que costumavam levantar as damas da época;
  • Lava-se (mãos e rosto);
  • Reza suas orações;
  • Veste-se com cuidado;
  • Vai à missa;
  • Retira-se da igreja (depois de se confessar);
  • Regressa à sua casa;
  • Verifica o trabalho dos servos;
  • Dá ordens ao mordomo (preparação do almoço e ceia);
  • Retira, com suas criadas, vestidos e peles de grandes arcas para estendê-los ao sol no jardim. As roupas são sacudidas e golpeadas com varas. Também são retiradas as pulgas das mesmas.
  • Almoça às dez horas da manhã (comida principal do dia);
  • Verifica se os criados estão comendo;
  • Tem um pouco de tempo de ócio e descontração: com jogos e passatempos, pode narrar contos junto do fogo, tecer grinaldas de flores, recolher frutas maduras, orientar o jardineiro, bordar, remendar, fiar;
  • Ao cair da noite ocorre o regresso do marido, então, providencia água quente para lavar seus pés e providencia sapatos confortáveis;
  • Ceiam e passam uma hora, envoltos na penumbra do entardecer, contando a rotina do dia de cada um;
  • Cai a noite, entram em casa, fecham todas as portas e vão dormir.

Obs.: vida bem ativa, sem lugar para a ociosidade, na qual os maridos podiam ter algum descanso, mas as tarefas das esposas nunca tinham fim.

(Manual do Ménagier, senhor da casa, escrito em 1393)

Conclusão

 

Um dos objetivos da escrita desse livro foi levar o leitor a conhecer um pouco mais a época medieval e, observando sua religiosidade, refletir no contraste entre a era que cria credulamente na pregação dos sacerdotes romanos e a época atual que descrê ceticamente, desconstruindo os fundamentos cristãos.
Apesar de a época estudada ser chamada de Idade da Fé, a crença que dominava a cristandade daquela época pode ser considerada um tipo de credulidade. A fé bíblica dá certeza das coisas que se não veem, conforme afirma o capítulo onze do livro de Hebreus, e também promove boas obras, mudança interior e exterior. Já a mera credulidade é a facilidade de se crer em tudo, sem discernimento, investigação, debate, contestação, nada. Crê-se porque se acredita que se deve crer. E isto basta.
Como, porém, poderia o homem medieval que ao menos sabia ler, ser capaz de examinar, criticar ou contestar aquilo que lhe era ensinado? Franco Junior afirma que a função do historiador é compreender, não julgar o passado, enquanto Duby aconselha o historiador a não se fechar no passado, mas refletir sobre os problemas de seu tempo.
Portanto, na tentativa de compreender o passado sem julgá-lo e também na tentativa de refletir sobre a atualidade, ponderamos que, enquanto o homem medieval só podia ouvir e crer no que lhe era apresentado, o homem do nosso século respira uma atmosfera intelectual e tem acesso a pesquisas, podendo ler, criticar e chegar as suas próprias conclusões acerca do que quer crer.
Mas, tristemente, constatamos que pelo pouco saber muitos homens medievais eram crédulos e, pelo muito saber vários homens na atualidade são céticos. Muitos homens contemporâneos vivem como se Deus não existisse. Lemos em jornais artigos sobre um Deus ocioso, um Deus cansado, um Deus que não se importa com a humanidade.
Na Idade Média, para o homem cristão, Deus não estava morto, nem cansado, apesar das pestes, inundações e guerras que causavam muito sofrimento. O homem contemporâneo sofre também com a violência, a corrupção e o desemprego. Todos sofreram e sofrem e a fé continua a ser o único esteio da humanidade, se dava esperança ao homem medieval, continua a dar ao homem de hoje.
O homem medieval não tinha muitos esclarecimentos acerca do que cria; o homem contemporâneo não quer ser esclarecido acerca da fé. Ele prefere a ciência, que segundo a Bíblia afasta da fé. O apóstolo Paulo aconselhou seu discípulo: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência. A qual professando-a alguns se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém” (1 Tm 6.20-21).
O homem medieval não queria ser afastado de sua fé, o homem atual acha vergonhoso ser um crente e crer inabalavelmente nas doutrinas cristãs. Ele prefere “desconstruir” os dogmas cristãos, só, que infelizmente, ao fazer isso não consegue colocar nada no lugar. O salmista indagou: “Destruídos os fundamentos o que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3). Como cristãos, não devemos permitir a derrubada de nossos fundamentos, pois são eles que nos dão a razão para viver o hoje e a fé para aguardar o amanhã.
A espiritualidade medieval levava o homem a se isolar, afastar-se do mundo corrompido e buscar uma contemplação de Deus no desejo de conhecê-Lo e experimentá-Lo. Mas, assim como o misticismo da Idade Média chegava ao extremo de crer que a alma aniquilada, aquela que persevera em sua busca espiritual, torna-se uma com Deus, não pecando e atingindo a perfeição, há extremos também no misticismo atual que enfatiza mais visões e revelações do que a Palavra, que busca experiências sem mudança de vida e sem evidência de conversão.
A história do cristianismo medieval foi marcada por líderes religiosos corruptos e sedentos de poder, cuja prioridade era política e não espiritual, o nosso tempo é marcado pela idolatria de egos gigantescos, pela arrogância de identidades exclusivas, por religiosidades que não servem ao próximo, não se doam, mas só buscam seus próprios interesses. Sacerdotes que só pensam no seu enriquecimento pessoal, no domínio sobre o rebanho, na administração temporal e não se preocupam com o bem das almas que estão sob seus cuidados.
Quem perde com isso? Na Idade Média, perderam as pessoas simples que buscavam na religião uma ajuda para o dia a dia e queriam Deus mais para perto de si e, que por isso, foram perseguidas e chamadas de heréticas; perderam também as pessoas que, por falta de ensino e amor cristão, buscavam em superstições, veneração de santos e relíquias um modo de afastar o mal e encontrar um pouco de esperança.
Hoje, perdem as ovelhas de rebanhos sem pastor, porque seus líderes não têm tempo para o cuidado das almas, tão atarefados que estão com outras coisas. Perde o corpo de Cristo que não tem espaço para desenvolver seu dom e, assim, desfrutar de mútua edificação, porque alguns líderes são inseguros, invejosos, preconceituosos e temem a perda de um poder que na verdade nunca lhes foi outorgado, pois a Bíblia afirma: “Não como tendo domínio sobre o rebanho, mas servindo de exemplo” (1Pe 5.1-3).
Perdem membros de igrejas que não têm mais ensino bíblico sólido, mas são constrangidos a entregarem até mesmo o que não possuem para enriquecimento daqueles que darão conta a Deus pela exploração da credulidade do povo carente.
Perdem as pessoas que ainda não entenderam a maravilhosa graça de Deus porque não lhes foi ensinado que esta graça deve bastar e que a fé é o único escudo e proteção contra tudo que desilude e desanima.
Líderes religiosos medievais queriam o controle do Sagrado e, em nome de Deus e com a cruz de Cristo nas mãos, saíram em defesa da fé, mas buscando seus próprios interesses. Mataram, saquearam, queimaram vidas que ousavam pensar de forma diferente ou ousavam falar contra o sistema vigente.
Atualmente, líderes religiosos continuam querendo o monopólio do Sagrado e impõe, em suas instituições eclesiásticas, sua própria vontade como sendo a de Deus.
Margarida Porète dizia querer ter a vontade aniquilada para que a vontade de Deus fosse a sua própria. Qual será a vontade de Deus para nossas vidas? Ela está clara nas Escrituras: que nos amemos, que não façamos acepção de pessoas, que não apenas falemos da Palavra, mas a coloquemos em prática.
Margarida encontrou tal alento na comunhão com Deus que começou a achar que almas que assim O buscassem e O amassem seriam salvas ao atingir um estado de aniquilação. É aí que mora o perigo, crer que a própria alma pode obter sua salvação, quando é claro nas Escrituras que: “Pela graça sois salvos, isto não vem de vós é Dom de Deus, não vem das obras para que ninguém se glorie”. Efésios 2.8-9.
Neste mesmo erro incorreram vários homens da religião, tirando o mérito de Cristo e colocando em seus próprios ensinos ou em suas próprias obras. A confiança exagerada em si mesmo e a falta de dependência de Deus é o mal do homem do passado e do presente.
Este excesso de confiança é percebido nos teólogos contemporâneos que, em sua racionalidade extremada, tentam tirar dos fatos históricos tudo que é sobrenatural, tudo que possa ser chamado de ação miraculosa de Deus, é o conhecido processo de “desmitificação”. Essa atitude contemporânea contrasta sobremodo com a dos historiadores medievais que procuravam, de todas as maneiras, detectar na história os sinais de Deus.
Esse livro tratou de uma época em que o escolasticismo pretendia comprovar os mistérios de Deus racionalmente, enquanto, em contrapartida, havia um misticismo que buscava conhecer esses mistérios experimentando-os. Pedro Abelardo afirmava que: “Nada pode ser crido sem antes ter sido entendido”. Bernardo de Claraval dizia: “Deus é conhecido, à medida que é amado”.
Margarida Porète também preferia o amor, buscava conhecer seu amado Deus e se tornou um modelo de coragem para os cristãos porque somente uma pessoa em comunhão com Deus enfrentaria o martírio com tanta dignidade. Ela acreditava que a razão provocava tédio e produzia dor e sofrimento naqueles que estavam sob o seu conselho.
Como conclusão, deixamos as palavras de outro escolástico que buscou usar a razão para esclarecer a fé e não para negá-la. É linda sua declaração de fé:
Não pretendo, Senhor, penetrar em Tua profundidade,
porque meu intelecto não pode ser comparado com ela.
O que desejo é entender, nem que seja de maneira imperfeita, a Tua verdade.
Esta é a verdade que meu coração ama e crê.
Não tento compreender para crer, mas creio, e por isto posso vir a compreender.
Anselmo de Canterbury (1060-1109)

Creiamos também na verdade única da salvação pela fé em Cristo Jesus, pois quando tiramos a responsabilidade pela nossa salvação de nossos ombros e a colocamos em quem realmente tem o poder de efetuá-la, descansamos e encontramos paz em qualquer época da história.